terça-feira, 15 de abril de 2014

O Teatro Espanhol

Lope de Vega & Calderón de La Barca. 
A Força do Teatro Espanhol:


     O Teatro Espanhol foi de grande influência para modalidade de outros teatros da Europa, e dois grandes dramaturgos espanhóis se destacaram durante suas respectivas épocas.
   Começando com Lope de Vega, que publica sua obra “Arte Nuevo de Hacer Comedias” apontando diretrizes da produção teatral da sua época (teatro barroco espanhol):


  1. Divisão da obra em três atos: apresentação da trama, desenvolvimento e desfecho;
  2. Ruptura da unidade de ação: varias linhas de enredo ocorrem paralelas;
  3. Mistura do trágico com o cômico;
  4. Ruptura das unidades clássicas de tempo e lugar;
  5. Composição em versos.

   Sua maior obra foi "Fuenteovejuva", de tema político, na qual aborda os seres humanos abusando do poder para tirar proveito dos mais fracos.


   A história se passa no fim do século XV e quando o militar Fernán Gómez Guzmán passa pelo vilarejo de Fuenteovejuna (fonte das ovelhas) maltrata os camponeses e moradores da cidade. Obriga as mulheres a fazer sexo com ele. Mas uma das vítimas se revolta e acaba por matar o militar.


   O ponto alto da peça é quando as autoridades, incluindo o rei e a rainha, exigem satisfação do acontecido. Num lance genial, todo o povoado se recusa a falar os nomes dos integrantes da tragédia. Quando se faz a pergunta: "quem matou o comandante", todos respondem em uníssono: Fuenteovejuna!
   Não foi um outro, nem um grupo e sim todo o vilarejo que revoltado com os malfeitos do tirano, decidiu matá-lo.
   Parece incrível que em pleno período dos reis absolutos na Espanha da qual vivia Lope da Veiga, ele pudesse escrever isso e sair impune de uma discussão adiantada.


     O tema do tiranicídio existe em duas situações: tomar o poder por meio ilícitos; ou se, chegando ao poder por bons modos, passasse a agir em desacordo com o bom governo, desrespeitando normas mínimas de civilidade.
   Pensando bem, é quase o tema de Hamlet escrito um pouco antes. Mas a peça espanhola é mais curta e menos pretensiosa do que a de Shakespeare. São apenas três atos simples, levando ao clímax e a moral da história, mas tudo com graça e jeito, ou com engenho e arte, como se costumava dizer então.


(espanhol)

   Porém, a obra espanhola culmina mesmo com o modelo barroco no final do século XVI aonde Pedro Calderón de La Barca se faz conhecido com 100 comédias, 80 autos sacramentais e outras peças mais ocasionais.
   No seu primeiro grupo Calderón reorganiza e condensa aquilo que Lope da Vega deixa difuso, estilizando assim seu realismo tradicionalista. Personagens realistas da sua época que trazem ao Teatro Espanhol Barroco o amor, a religião e a honra ("El Alcade Zalamea")

(espanhol)

  Em outras obras, aborda o poder da paixão que chega, em especial o ciúmes patológico ("El Mayor Mostruo Del Mundo", "Los Celos").

(espanhol)

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  No seu segundo grupo, usa um repertório mais cavaleireisco, forma poética simbólica ainda desconhecida, e configura o teatro lírico elevando os personagens acima do simbólico e espiritual. Escreve então temas dramas fundamentalmente filosóficos e teológicos, autos sacramentais e comédias mitológicas ou palatinas, criando personagens desequilibrados por paixão trágica ("El Principe Constante")


PARA ASSISTIR "El Principe Constante"
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  Seu personagem mais conhecido é Segismundo de Polonia de "La Vida es Sueño", considerada a peça maior do teatro caldeirano.
   O texto narra as aventuras de Segismundo, filho renegado de Basílio, rei da Polônia que ao nascer é trancado em uma torre. Seu único contato com o mundo externo é Clotaldo, seu guardião e fiel servo de seu pai.

(Basilio)

 (Segismundo)

   Os temas de filosofia transcendiam sua época, a liberdade, o poder de vontade junto ao destino, o ceticismo diante das aparências e também sensíveis a precariedade da existência considerada como simples sonho, isso é, dentro do sonho se pode ainda fazer o bem.




    O trecho abaixo, fonte (http://www.deleituras.com/poesia/avidaeumsonho.htm) se refere ao momento em que Segismundo, depois de ter experimentado as honrarias e pompas no palácio de seu pai, é levado a dormir sob o efeito de uma poção, e acorda novamente na masmorra em que passara toda a sua vida. Esse retorno à desgraçada condição de encarcerado se deve ao fato de ter cometido ações altamente condenáveis ao experimentar o poder, na posição de príncipe herdeiro do trono.
  Diante da infelicidade do príncipe, o carcereiro, Clotaldo, o convence de que o palácio, as belas roupas, os cortesãos, as honrarias, enfim, tudo não passou de um sonho. Acrescenta ainda que, mesmo em sonhos, ele deveria ter honrado seu pai e praticado boas ações.
  Em sua resposta Segismundo concorda com as palavras de Clotaldo, concluindo afinal que:


A VIDA É SONHO

É certo; então reprimamos
esta fera condição,
esta fúria, esta ambição,
pois pode ser que sonhemos;
e o faremos, pois estamos
em mundo tão singular
que o viver é só sonhar
e a vida ao fim nos imponha
que o homem que vive, sonha
o que é, até despertar.

Sonha o rei que é rei, 
e segue
com esse engano mandando,
resolvendo e governando.
E os aplausos que recebe,
Vazios, no vento escreve;
e em cinzas a sua sorte
a morte talha de um corte.

E há quem queira reinar
vendo que há de despertar
no negro sonho da morte?
Sonha o rico sua riqueza
que trabalhos lhe oferece;
sonha o pobre que padece
sua miséria e pobreza;
sonha o que o triunfo preza,
sonha o que luta e pretende,
sonha o que agrava e ofende
e no mundo, em conclusão,
todos sonham o que são,
no entanto ninguém entende.

Eu sonho que estou aqui
de correntes carregado
e sonhei que em outro estado
mais lisonjeiro me vi.
Que é a vida? Um frenesi.
Que é a vida? Uma ilusão,
uma sombra, uma ficção;
o maior bem é tristonho,
porque toda a vida é sonho
e os sonhos, sonhos são.
(espanhol)

  Os temas sacramentais são alegóricas e um ato de tema eucarístico, destinada a representar o dia de Corpus Christi. Podemos citar "El Gran Teatro Del Mundo" e "La Cena Del Rey Baltasar".

(espanhol)




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